quarta-feira, 12 de março de 2008

Brasil já tem caixa para pagar divida externa.

País eleva reservas internacionais e passa a ser credor externo pela primeira vez na história


Brasília - Pela primeira vez na sua história econômica, o Brasil deixou de ser devedor e passou a ser credor externo. O feito aconteceu em janeiro e foi anunciado ontem pelo Banco Central (BC). Segundo relatório do BC, baseado em dados ainda preliminares, os ativos brasileiros no exterior superaram o total da dívida externa pública e privada em mais de US$4 bilhões no mês passado.De acordo com o BC, o aumento das reservas internacionais em ritmo “sem precedentes” nos últimos meses e a antecipação de pagamentos da dívida externa permitiram ao Brasil deixar a posição devedora para ficar credor em relação a outros países. O relatório foi publicado na página do BC na internet, mas dados completos serão divulgados apenas na próxima segunda-feira, dia 25. Em nota, o presidente do BC, Henrique Meirelles, comemorou o feito. “Essa melhora significa que estamos superando gradativamente um longo período caracterizado por vulnerabilidade e crises, causadas principalmente pela dificuldade em honrar o passivo externo do país”, afirma.Meirelles destacou que os indicadores externos positivos são resultado da “implementação de políticas macroeconômicas responsáveis e consistentes, baseadas no tripé responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas para a inflação”. O relatório do BC lembra que a dívida externa líquida – resultado da diferença entre a dívida total e os ativos brasileiros no exterior – era de US$165,2 bilhões no início de 2003, período que coincide com o começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, o indicador cai anualmente e em ritmo cada vez maior até a inversão dos sinais em janeiro.O grande motivo para a melhoria dos indicadores externos foi o aumento das reservas, que tiveram “evolução sem precedentes” nos últimos anos, ressalta o BC, que passaram “de US$ 16,3 bilhões em 2002, quando excluídos os empréstimos do FMI, para US$ 180,3 bilhões ao final de 2007”. Somente no ano passado, as reservas saltaram 110,1%. (AE)***Grau de investimento está próximoRio - O fato de o país ter se tornado credor líquido - tem mais reservas cambiais do que dívida externa – vai acelerar a classificação de investment grade para a economia brasileira. A avaliação foi feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ontem, a diretora de rating soberano da Standard & Poor’s, Lisa Schineller, disse que o Brasil pode receber o grau de investimento da agência ainda em 2008. Foi a indicação mais firme até o momento de que a S&P pode conceder a nota ao país neste ano. A situação atual, segundo Mantega, permite ao Brasil “impor respeito” em meio à crise de crédito internacional. De maneira simplificada, o investment grade (grau de investimento) representa uma espécie de indicação das agências especializadas de que o risco de investir em determinado país é muito baixo. Estas agências atribuem notas para o grau de risco de cada país. “O Brasil sempre deveu para alguém desde 1500”, afirmou o ministro, citando Portugal, Inglaterra, Estados Unidos, Clube de Paris. “As nossas reservas superam o que se tem para pagar”, afirmou, com a vantagem de que o crédito é “à vista” e a dívida, de longo prazo. “Isso nos deixa numa situação bastante confortável”, disse. (AE)

Abraços, Fagner Mariano.

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